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A Misericórdia de
Deus em música

A Misericórdia de Deus em música

Como sentir a Misericórdia de Deus em música? É importante distinguir no início qual o tipo de música aqui descrita – não é a música popular que se ouve no rádio, nem a música tocada para bailes nas festas populares. A música em questão é a música contemplativa, música elevada, ou música sacra. Quando se ouve música deste tipo, é possível sentirmos uma grande alegria ou calma de espírito. Certas peças de música clássica, como as de Mozart ou Beethoven, podem até trazer lágrimas aos olhos e parecer mostrar traços da Graça de Deus. É precisamente a música com estas características (composta muitos séculos antes do nosso) que levou Santo Agostinho a investigar a forma como a música pode inspirar uma pessoa a chegar mais perto de Deus, mesmo quando a pessoa se sente pesarosa e triste.

 

Em conjunto com outras teorias, Santo Agostinho mostrou que a alma gosta de ordem e razão, e a ordem divina na música pode levar as pessoas para mais perto de Deus. Aqui razão e ordem estão relacionadas com as partes técnicas da música, o ritmo e os intervalos entre as notas de uma melodia, e baseiam-se na matemática – por exemplo, na proporção perfeita de 2:1. O prazer que se sente nas perfeições da música, mesmo quando não se conhece os princípios técnicos, mostra como a música é feita para uma actividade mental. O pensamento sobre música é o que separa o nosso prazer em cantar, tocar, e ouvir música sacra do prazer imediato que se sente a comer uma fatia de bolo: o nosso prazer na música sacra vai mais longe do que o que sentimos no corpo.

 

A Misericórdia de Deus, percebida numa peça de música, fica mais clara num acontecimento na vida de São Francisco de Assis. Trata-se de um momento em que São Francisco estava no Monte Alverna, a jejuar sozinho em observação da Quaresma de São Miguel Arcanjo. Durante estes dias, São Francisco começou a sentir-se fraco devido a grande abstinência que fazia e por lutar contra os ataques do diabo. Para aliviar a dor que sentia no seu corpo, rezou a Deus por um alimento para a alma que trouxesse alegria e graça na consideração da vida eterna. Enquanto o Santo meditava sobre este pensamento, um anjo apareceu numa luz radiante. Numa mão, o anjo trazia uma viola da gamba; na outra mão, trazia um arco. O anjo passou o arco pelas cordas do instrumento, e produziu uma melodia extraordinariamente bela. A beleza da melodia entrou na alma de São Francisco e suspendeu todos os seus sentidos corporais.

 

Mais tarde, o Santo contou aos seus companheiros que acreditava que se o anjo tivesse continuado a tocar, a sua própria alma sairia do corpo devido á tão elevada beleza da melodia. Quando pensamos sobre esta história, reconhecemos que há elementos na música que nós tocamos, cantamos e ouvimos, que nos pedem pensamento sobre o Amor de Deus. Isso pode acontecer tão simplesmente na celebração da liturgia, durante as partes cantadas, como na Kyrie, no Salmo, no Santo e no Cordeiro de Deus.

 

A música pode nos revelar a graça de Deus no conjunto de palavras com melodia, especialmente quando a peça é composta com arte (a incorporar a perfeição agostiniana) e cantada com humildade. E, às vezes, a beleza de uma melodia é tão elevada que nos esquecemos das nossas dores e dos problemas quotidianos em virtude da nossa aproximação a Deus. Assim podemos sentir a Misericórdia de Deus em música da mesma forma que São Francisco de Assis sentiu a melodia do anjo.

Sara Eckerson,

Equipa de Comunicação

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